terça-feira, 16 de novembro de 2010

Diagnóstico Precoce - Caminhos possíveis para a criação de estratégias de prevenção

A epidemia hoje, com suas necessidades de cuidado, tratamento e prevenção, demanda campanhas específicas, que abordem, informem e trabalhem aspectos vulneráveis da população em geral.

Sabe-se pela literatura, que estratégias de prevenção baseadas única e exclusivamente no uso da camisinha tornam-se ineficazes e insuficientes para atingir metas de controle epidemiológico.

Os governos federais, estaduais e municipais inauguram neste dia 16 a Campanha “ Fique Sabendo”, com metas de testagem e envolvimento de toda e rede pública, bem como de ONGs parceiras, no trabalho. A mesma se estende até dia 1º de Dezembro, Dia Mundial de Luta contra a Aids.

O diagnóstico precoce é importante porque a descoberta da soropositividade implica em sobrevida com qualidade. Entretanto não é fácil convencer alguém a fazer o teste, dado todo o estigma de medo, preconceito e desinformação que ainda permeia a epidemia.

Saber-se HIV positivo por um lado propicia controle, tempo de vida com qualidade e maior cuidado com a própria saúde. Mas por outro, cria-se um espectro de culpa, medo, incertezas, dúvidas.

Saber-se HIV negativo, pode parecer um alívio, mas torna-se um importante instrumento de prevenção, na medida em que o cidadão se informa sobre a doença e na medida em que pode investigar, junto com o profissional de saúde, seu comportamento sexual, e saber-se ou não em situação de risco para contrair o vírus.

Uma campanha desse porte passa a ser uma porta de entrada para que vários objetivos possam ser atingidos.

Objetivos esses que vão desde a quebra de tabus, através de informações corretas sobre a doença, conhecimento da rede pública de cuidado e assistência, que se envolve e se mobiliza em rede para atendimento eficiente, até a consciência da própria vulnerabilidade, obtendo ou não um resultado reagente.

A campanha beneficia até a própria rede pública, que, na medida em que é capacitada para a testagem e para a compreensão da epidemia, pode realizar encaminhamentos com melhor eficiência, detectar grupos vulneráveis em suas localidades, enfim, agir de maneira continuada em sintonia com os centros de especialidade locais.

O HIV, com sua especificidade única de atuar junto com a sociedade civil, também amplia essa parceria dentro de uma campanha como essa. Novas entidades afins de saúde podem se envolver e fortalecer a rede de informação de maneira enriquecedora e eficaz.

Em Santos, neste ano de 2010, a Pastoral da Aids, e os alunos da Faculdade de Medicina Lusíada estão participando, junto com a Prefeitura, em parcerias formais que começam muito antes da Campanha, através de sensibilizações realizadas pelos gestores (A Pastoral tem sua própria Campanha e atua em uma parceria firmada com o governo Federal desde 2009).

Enfim, levar em campo as metas, a logística e a informação do “ Fique Sabendo”, tornam-se preponderantes para o combate da epidemia, a aproximação com a população e a construção de futuras e melhores estratégias de controle, prevenção, adesão, e tratamento.

Maria Cristina Barreto